Cotidiano

O cotidiano é aquilo que nos é dado a cada dia (ou nos cabe em partilha), nos pressiona dia após dia, nos oprime, pois existe uma opressão do presente. Todo dia, pela manhã, , aquilo que assumimos ao despertar, é o peso da vida, a dificuldade de viver, ou viver nesta ou outra condição, com esta fadiga, com este desejo. O cotidiano é aquilo que nos prende intimamente, a partir do interior. É uma história a meio caminho de nós mesmos, quase em retirada, as vezes velada. Não se deve esquecer esse "mundo memória", segundo a expressão de Peguy. É um mundo que amamos profundamente, memória olfativa, memória dos lugares da infância, memória do corpo, dos gestos da infância, dos prazeres. Talvez não seja inútil sublinhar a importância do domínio desta história "irracional", ou desta "não-história", como diz ainda Dupront. O que interessa ao historiador do cotidiano é o invisível...

Michel de Certeau em a Invenção do Cotidiano: Artes de fazer.

10 de jun. de 2010

Um olhar penetrante

Numa dessas sextas-feiras, véspera de feriado, em que você está exausta, a condução claro, está lotada.
Até que consegui logo um lugar, ao lado de uma bela mulher de olhos penetrantes, e que vim saber mais tarde, durante nossa coversa, ser de origem árabe. Começamos logo a conversar, ela contou-me que iria seguir viagem para o Rio Grande do Sul, mas que estava atrasadíssima e temia perder a viagem. Aqueles olhos me conquistaram, a simpatia, a beleza, contei-lhe aquele dia meus dissabores no trabalho, a minha indignação diante do roubo de minha carteira e meu telefone celular, choramos juntas a morte de minha filha.Isso em uma hora de trajeto, o tempo parece ter se ampliado. Não entendo como essas coisas acontecem, de repente nos abrimos com pessoas que nunca vimos, simpatizamos, aquela pessoa por algum motivo é especial. Ela mais tarde me mandou um recado que conseguiu seguir viagem, pois claro, trocamos e_mails. Jamais perderia contato com alguém que me fez sentir muito mais leve, me fez lembrar do prazer de fazer uma nova amiga que eu sentia na minha infância e adolescência.
Me fez acreditar que a sensibilidade, a disponibilidade e a viagem podem ser reconfortantes...

5 comentários:

  1. O cotidiano realmente não precisa ser rotina, não é, Zu? Pode ser até igual, mas é outro e é novo, todos os dias.
    Bjos!

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  2. Parabéns pelo blog... estarei sempre por aqui para acompanhar as suas idas e vindas... beijos Deus te abençoe...

    Lili**

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  3. Essas experiências são show! Parecem reencontros, ou algo parecido. Assim foi com a gente eeeeeee!!! Fácil e rápido. As amizades costumam surgir inesperadamente.

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  4. Zuleica, obviamente que me emocionei lendo a nossa história e com certeza serei uma seguidora do teu blog que tem tudo pra ser recheado de emoção.

    Naquela horinha que passamos juntas no ônibus da Catarinense, você me transmitiu com muita facilidade a essência do ser humano aquilo que realmente importa na vida, sentimento...

    Obrigada pela tua amizade, abraço de uma fã,

    Lisiane.

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  5. Só pra saberes ou melhor REGISTRAR.... O teu olhar, teu sorriso cativante, tua simpatia e teu jeito peculiar e capricorniano de ser, conquistou um lugar especial em meu coração.
    Sou admirador da mulher, da mãe, da profissional, da amiga de ideias e ideiais, do ser humano iluminado que és.
    CVV sempre às ordens...
    Grande beijo

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